A pedra era fria como gelo e eu mantinha me prostrada nela mergulhada na penumbra da incerteza
A venda que tinha nos olhos permite-me enxergar um altar antigo de pedra esculpida, onde a cabeça de “Cabires” se salientava . Há um estranho odor a mofo e cera derretida em meu redor.
A única coisa que eu sabia e que era a noite do Ritual negro onde se evocava “Kamlat”.
Estava agrilhoada e embrenhada pelo álcool que me fora dado a sorver. O odor de ervas também se fazia sentir no ar.
Desejava ser sacrificada pelo meu Dono neste ritual negro.
Vozes ecoam ao longe, e sinto me presa, incapaz de mover um músculo que seja.
Cada vez que me tento mover, as cordas apertam-me e quase me sufocam.
“Onde estou, meu Amo?”, “Onde está você?”
Escuto gritos no meio de um sibilar horrendo. Sinto o aproximar de uma criatura monstruosa que se baba sobre mim.
É uma cobra gigante com duas cabeças que me pesquisa o corpo de norte a sul. Parece procurar algo, sangue talvez.
as duas cabeças afastam-se e cada uma inicia um ritual viscoso em mim. Uma delas abre a boca e solta uma língua nojenta e trepidante que se introduz na minha boca. A outra, lá mais em baixo, penetra-me a vagina como se procurasse uma alimento.
Sentia o odor da morte a trepar pela minha alma. Mas que aberração era aquela que se deslocava sobre mim, deixando a sua seiva
sobre o meu corpo desnudado?
Ambas as línguas me penetravam e violavam os orifícios. Estava a ser violada por uma cobra com duas cabeças. Primeiro o horror
e pânico tomaram conta de mim, mas paulatinamente esses pavores foram dando lugar a um prazer vil e perverso que não pude ignorar.
Aquelas línguas transformadas em membros possuíam-me de forma nojenta e impiedosa e eu desfazia-me em orgasmos vergonhosos mas inevitáveis.
Sentia-me perdida, abandonada e receosa, e talvez devido a este cocktail de emoções, acabei por desfalecer.
Voltei a recobrar os sentidos, mas agora havia um cheiro abundante- era fragrância da morte. A serpente já não estava ali, mas pelo sangue que escorria por todo o lado, não foi difícil de adivinhar que ela tinha sido retalhada.
No meio da escuridão notei que estava a silhueta de um homem que trajava uma capa negra e capuz. Aproximou-se devagar e pude notar que ostentava uma mascara branca e lisa. Ele não dizia nada, apenas me penetrava com o seu olhar. Eu estremecia de medo, mas ao mesmo tempo sentia uma profunda inquietação. Num ápice, ele desembainhou um espada de ponta aguçada que que fez planar sobre o meu corpo.
“Et vis est haec virgo” – Murmurou enquanto brincou com os meus mamilos, usando a ponta da espada.
“Volo sanguinem meum” – Insistiu ele, ao mesmo tempo que que abre uma ferida no seio. È um corte ligeiro mas sinto dor
“que prazer, sinto meu sangue fervilhar”- penso para mim
Ela continua, deslizando a lamina pelo meu corpo. desejo que ele me toque com as suas mãos
que me rasgue, mas ele fora mais audacioso e penetra a espada dentro de mim, Sim , tocou-me no clitóris com a ponta afiada, arranhando no meu botão secreto. Parece que estou prestes a explodir de dor, mas que dor tão boa. Que desejo tão intenso de morte, de sofrer.
Sofro quando sinto o sangue a ausentar-se do meu corpo, ao mesmo tempo que ele se monta em mim.
Penetra-me com o seu membro de carne rija e fode-me barbaramente.
Gritei e gemi de dor
“Não!” – supliquei para parar.
Mas ele ignorou e sou quando terminou, ele saiu de dentro de mim, recolhendo um pouco do meu sangue para uma taça de prata, onde misturou com o seu sémen.
Por fim, proclamou algumas palavras imperceptíveis junto ao meu ouvido fez-me sentar à sua frente.
– bebe, minha mártir – murmurou num tom amistoso.
Bebi.
“Que dádiva é esta…??”
Nesse momento ele remove a mascara do seu rosto e declara:
“sou o Teu Senhor, agora bebe a nossa essência, tua alma e minha…”
“Sim, assim estarei eternamente dentro de si…”