E aí… o que achou? ― Rafa perguntou enquanto se aproximava de mim.
Olhei para meus pés, que estavam imersos em cinco centímetros de água, e disse:
― É… é bonito…
Admirei a vastidão do oceano que se fundia com o céu no horizonte.
― Lá é muito fundo? ― Eu disse apontando para longe.
― É… muito fundo.
― Muito, muito?
― Sim… muito, muito, muito…
― Tipo assim? ― Eu disse levantando minha mão lá no alto e ficando na ponta dos pés.
― Mais fundo.
― Mais fundo!?
― Sim… bem mais fundo…
― Mais fundo tipo… tipo o tamanho daquele prédio? ― Eu disse apontando para um prédio na orla.
― Não… não tão fundo… é fundo tipo… uma casa de dois andares…
― Nossa… é muito fundo…
― Aham… fundo do tamanho daquele prédio, acho que só bem longe daqui…
― Dá medo… ― eu confessei.
― É só não ir lá. Minha mãe nem me deixa ir muito longe. Só quando tô com ela.
― Até onde dá pé pra mim?
― Depende do lugar… mas você vai ver que vai ter que andar muito pra ficar fundo. Não é como se fosse uma piscina…
― Entendi…
― Mas agora a gente tem que passar protetor, porque senão você vai virar um camarão!
― O que é um camarão? ― Perguntei.
― Aff… tá brincando, né?
― Não! Tipo… eu sei o que é um camarão, que é aquele bicho, só não sei como é um…
― São alaranjados… eu acho… ― ele disse coçando a cabeça. ― Se quiser, a gente pode comer depois.
― Eca. ― Eu disse.
― É gostoso. Parece lagosta.
― Ah… ajudou muito… olha pra minha cara de quem já comeu lagosta.
― Podemos comer também, se você quiser… deve ter em qualquer lugar aqui…
― Por que tenho a impressão de que eu vou falir?
― Porque você é um cabeça dura que não sabe receber um presente sem olhar a etiqueta de preço.
― Então… ― eu disse.
― Então… ― ele me imitou cruzando os braços.
― Então… ― eu disse novamente, dessa vez cruzando os braços também.
― Vem! ― Ele desistiu de me fazer mudar de ideia e me puxou pelo braço.
Fomos até o guarda-sol dos Mackenzie, onde seu Danilo ajudava o rapaz do bar a montar uma mesa para nós.
― Toma, Rafael. Passa. ― Dona Olívia entregou o tubo de protetor solar para o filho.
Ele veio em minha direção, abriu o protetor, despejou um pouco do produto na mão e depois me passou tubo. Fiz o mesmo. Já estávamos sem camisa, pois havíamos as retirado alguns minutos atrás.
― ―
555
Gabriel e Juliana vieram até nós, para pegarem o protetor emprestado também. Passei um pouco nos meus braços, peito e rosto… na verdade eu estava imitando o Rafa… tudo o que ele fazia, eu fazia também.
― Pode passar nas minhas costas, Mano? ― Rafa pediu ao irmão.
Nossa… ainda bem que ele tinha pedido para o Gabriel. A última coisa que eu queria era ter que esfregar protetor solar nas suas costas na frente de seus pais… ia ser muito constrangedor… ainda bem que ele teve o bom senso de pedir para o irmão.
― Você tá ocupado, Anjinho, deixa que eu passo nele. ― Juliana disse.
É O QUE!?
― Não tô não, Jujubinha. ― Gabriel respondeu. ― Tá de boa.
― Não. Eu já terminei de passar em mim, termina de passar em você, que eu passo nele.
CALMA. É O QUE!? PERA!
― Tá bom, Jú. Obrigado.
CALMA. É O QUE!? PERA! VOLTA TUDO! VOLTA TUDO!
Juliana pegou o tubo de protetor solar e despejou um pouquinho na mão. Em seguida, se posicionou atrás do MEU ANJINHO e botou as duas mãos nas COSTAS DELE.
MAS GENTE! QUE QUE ISSO!? QUE ABUSO É ESSE? SERÁ QUE SÓ EU TÔ VENDO ISSO!?
Todo mundo continuou agindo naturalmente. Rafa estava virado para o mar, Gabriel estava distraído passando protetor em si mesmo, e eu… eu estava abismado com o que estava acontecendo.
― Lucas? ― Gabriel me chamou a atenção.
― QUE!? ― Eu respondi. ― Que…? ― Corrigi meu tom de voz.
― Hein?
― Hein o que? ― Perguntei.
― Quer que eu passe em você também?
― Ah… ― eu disse. ― Por favor.
― Vem cá. ― Ele fez sinal para que eu me aproximasse.
Daí ele começou a passar protetor nas minhas costas.
Enfim… terminamos de nos proteger, esperamos os quinze minutos recomendáveis para que o protetor secasse e fizesse efeito e finalmente estávamos prontos para nadar.
É claro que Rafa abaixou sua bermuda para ficar só de sunga. Até parece que esse garoto não iria querer exibir seu corpo para todo mundo! Tenho certeza de que se não houvessem padrão sociais, ele não hesitaria em nadar nu… ele só não sabia disso… mas, conhecendo sua personalidade extrovertida, duvido que não.
― Não vai tirar o short? ― Ele perguntou para mim.
― Não… prefiro assim. ― Eu disse. ― Você sabe disso.
― Sim. Eu sei que você prefere assim, mas eu não.
Nessa hora, tive que olhar para seus pais, para ter certeza de que eles não tinham ouvido isso.
― Eu não. Tenho vergonha.
― Mas você mostra pra mim… ― ele tentou argumentar.
― Tenho vergonha dos outros, não de você…
― Isso foi um elogio? ― Ele perguntou.
― Pode-se dizer que sim… ― eu disse rindo.
― Você não devia ter vergonha. Você é bonito.
― Mas ser bonito, ou não, não tem nada a ver com timidez. ― Eu expliquei.
― Mas o que você acha? Que as pessoas vão olhar pra você e dizer “Nossa! Que menino safado! Andando de sunga pela praia!”. Estamos na praia, Lu. Pessoas andam de sunga na praia.
― ―
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É normal. Ninguém vai olhar pra você como se você estivesse de cueca! E, além do mais, você tem doze anos… ninguém vai olhar pra você de qualquer jeito! No máximo você vai arrumar uma paquera.
― Não fala assim. ― Reclamei.
― Só faltava você querer ir nadar de calça jeans e blusa de frio.
― Chato. ― Eu reclamei novamente.
― Vem logo. ― Ele me convidou para nadar.
Bom… eu e o Rafa fomos para o mar, Gabriel e Juliana resolveram ir caminhar na orla da praia, e seu Danilo e dona Olívia ficaram na barraca, para descansarem e irem pedindo as comidas.
Fomos correndo até o mar e a água estava morna. Mais fria que quente, mas… estava gostosa do mesmo jeito. Chegamos em um ponto onde a água batia em um palmo abaixo dos nossos ombros.
Por ser mais ou menos nove e meia da manhã, ainda não haviam muitas pessoas na praia, mas isso estava mudando aos poucos… e, cada vez mais, apareciam algumas pessoas aqui e ali.
Rafa se aproximou de mim e disse:
― E aí… o que tá achando?
― Legal… é incrível como a gente consegue se divertir com tão pouco, né? Água é o que não falta lá em casa… e agora… a gente tá aqui… se divertindo em um monte de água…
― Não é? ― Ele disse rindo. ― Abre a boca.
― Pra que?
Não deu tempo de eu perguntar… ele jogou água na minha boca. Eu cuspi e reclamei:
― Ei! Pra que isso?
― Viu!? É salgada! ― Ele disse rindo.
― Eu já tinha percebido isso muito tempo atrás!
Cuspi novamente. O gosto era ruim.
― Só não pode engolir… ― ele disse. ― Se você engolir, o sal em excesso vai puxar água do seu corpo pra se diluir, daí você vai ficar desidratado, ao invés de hidratado.
― Rafa biólogo… ― eu disse rindo. ― Quem te falou isso? ― Perguntei.
― Gabriel… ― ele respondeu. ― Ele sabe muita biologia… disse que o nome disso é osmose.
― Osmo o que?
― Osmose!
― Isso não é o nome de um cantor de rock? ― Perguntei.
― Hã? Acho que não…
― Parece…
― Não… você deve estar se confundindo… mas então… como eu estava dizendo… Gabriel sabe muita biologia… você sabe que ele quer fazer medicina, né? ― Ele perguntou enquanto brincava com a água na sua frente.
― É… eu tô sabendo sim… e você? ― Perguntei.
― O que tem eu?
― Vai ser médico também?
― Nossa… sei lá… seria legal, mas acho que não tenho capacidade…
― Como assim?
― Tem que estudar muito…
― Mas você é inteligente, Rafa… só não sabe disso…
― Você é mais. Você que devia fazer. Você seria um ótimo médico.
― ―
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― Obrigado. ― Eu agradeci seu elogio. ― Mas gosto mais de matemática que de biologia.
― Vai ser engenheiro, então? ― Ele perguntou.
― Talvez… mas acho que isso é mais a cara do Arthur…
― Você acha? Pra mim o Arthur vai ser um daqueles cientistas malucos…
― Físico teórico? ― Perguntei.
― Sei lá! O que é um físico teórico?
― É um cientista maluco…
― Ah… então sim… o Arthur vai ser isso.
― Hahaha… mas você não devia deixar de tentar medicina só porque se acha burro. Como eu disse, você não é burro. Burro é o Pedro, da nossa sala.
― Hahaha… é verdade… mas não sei ainda… isso tudo tá muito longe…
― Você seria um ótimo médico…
― Por que? ― Ele perguntou.
― Sei lá… você é loiro, tem olhos azuis… acho que isso já é suficiente pra te fazer ser ótimo em qualquer coisa…
― Idiota! ― Ele disse me jogando água.
Ficamos ali brincando por um bom tempo. Brincamos de jogar água um no outro, de mergulhar, de pega-pega e de atirar areia. Mas, como sempre… nossas brincadeiras acabavam caminhando para um algo a mais. Não demorou muito para começar a rolar uma passada de mão aqui e ali… ora um carinho, ora uma carícia… quando vi, estávamos nos abraçando com apenas nossas cabeças fora d’água.
Fui passando minha mão pelas suas costas até chegar no começa da sua sunga. Quando decidi ser mais ousado e enfiar meu dedinho lá, ele fez questão de abrir a boca e fingir que estava com sono.
― Aaaaaaiiiii aiiii…
― Aff… ― eu reclamei. ― Tá de brincadeira comigo, né?
― O que? ― Ele se fez de inocente.
― Ainda tá nisso? Eu já pedi desculpas.
― O que!? ― Ele continuou se fazendo de inocente. ― Não posso abrir a boca de sono, mais?
― Olha… eu estava muito cansado ontem. E, se é mais importante pra você sexo que meu estado psicológico, então…
― Então o que?
― Então vai se fuder!
Ele abriu a boca de sono.
― Aff… o que você quer que eu faça? Peça desculpas? Já pedi. Não é culpa minha se você nem consegue me comer satisfatoriamente bem a ponto de me manter acordado!!!
― É o que!?
― Desculpa. ― Pedi quando percebi que tinha falado merda.
― Tá falando que você dormiu porque tava sem graça?
― Não! Não é isso!
― É o quê, então?
― É que tipo… não é que tava sem graça… não é que tava ruim… tava muito bom… sempre é muito bom… é só que…
― É só que o quê?
― É só que a gente sempre faz a mesma coisa… e você nunca me deixa te comer… aí juntando isso com o fato de que eu estava muito cansado, eu dormi.
― ―
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Ele ficou sem graça e disse:
― Não sei o que dizer…
― Olha… sei lá… não pense que eu tô falando que nosso sexo tá chato… muito pelo contrário… sempre é muito bom… mas às vezes é legal fazer coisas diferentes, sabe?
― Coisas diferentes?
― É…
― Coisas diferentes tipo o que? ― Ele perguntou.
― Não sei… tipo… por que a gente não transa aqui e agora? ― Perguntei me aproximando dele.
Ele olhou em volta e respondeu:
― Porque a gente tá no meio da praia, em plena luz do dia, com várias pessoas em volta, com meus pais a cem metros da gente e no meio dessa água suja…? Quer água salgada entrando no seu bumbum? Sem lubrificante?
― Quem disse que seria no meu bumbum? ― Perguntei.
― Tá… olha só… tudo bem que você quer me comer também, mas vamos com calma… quer revezar? Vamos revezar! Mas vamos fazer uma coisa limpinha, né? Não tem porquê não fazer uma coisa limpinha! Com bastante lubrificante e com… quando eu digo com bastante lubrificante, eu quero dizer bastante. Bastante mesmo. Muito… tipo muito… pra eu não sentir nadinha…
― Te quero agora, Rafael Mackenzie. ― Resolvi pregar uma peça nele… queria ver até onde ele ia com esse comportamento defensivo dele.
― Tá… tudo bem… posso dizer que agora estou arrependido de vir de sunga… ― ele disse brincando.
― Pode apostar… foi a pior escolha que você fez… ― eu disse e agarrei sua bunda.
― AÍ! ― Ele exclamou. ― Lucas, a gente vai acabar se afogando aqui… tipo… até daria pra fazer, mas… no raso… aqui tá muito fundo e… no raso… você sabe… aí a gente fica muito exposto… mas assim… tipo…
― Não acredito que você vai recusar essa experiência sexual. ― Tentei persuadi-lo.
― Não tô recusando…
― Não pensei que tivesse namorando um cagão…
― Não sou cagão! ― Ele reclamou.
― Olha… eu preciso de um namorado que me satisfaça sexualmente, Rafael… que me faça gozar sem parar… desse jeito fica difícil…
― Nãoooo! ― Ele gemeu. ― Eu faço qualquer coisa que você quiser! Por favor! Menos isso! Luuuuucas!
― Hahahahaha… ― comecei a rir.
― Vai! Qualquer coisa, menos isso!
― Tô brincando, seu doido!
― Quê?
― Tô brincando… até parece que você não me conhece, Fefél! Sou a última pessoa que faria sexo na praia no meio de todo mundo. Não tenho coragem nem de andar por aí de sunga, que dirá fazer sexo no mar…
― Seu idiota. ― Ele disse e jogou água em mim.
― Me dá um abraço? ― Pedi.
― Ah… isso você tem coragem de fazer? ― Ele disse revoltado.
― Hahaha… cala a boca e anda logo. ― Eu disse abrindo meus braços.
Ele veio em minha direção e me deu um abraço aconchegante. Abracei ele de volta e botei minha cabeça no seu ombro. Ficamos assim por um tempinho.
― ―
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― Não sei o que faria sem você. ― Eu disse.
Ele deu um beijinho no meu ombro e disse:
― Provavelmente bateria punheta. Tipo… muita. Seu punheteiro. Não acredito que namoro um punheteiro de quinta categoria.
Não sei porquê, mas eu adorava quando ele estragava nossos momentos românticos falando besteira. Eu sabia que ele tinha dificuldades de mostrar seu lado sensível… seja por orgulho ou simplesmente por vergonha… e eu não me importava quando ele contornava isso tentando se fazer de engraçadinho. Eu achava isso fofo. Só queria que ele soubesse que eu estaria sempre lá por ele… mesmo nos momentos de fraqueza e de sentimentalismo. Se ele soubesse o quão ridículo ele ficava quando tentava esconder suas emoções mais íntimas, ele provavelmente se abriria mais comigo.
― Ei… Fél… ― eu disse.
― Oi…?
― Como você me explica a namorada do Gabriel querendo passar protetor em você?
― Hã? ― Ele se mostrou confuso.
― É… àquela hora que ela quis passar protetor em você…
― O que tem?
― Não achou estranho?
― Não. Por que? Ficou com ciúmes?
― Não…
― Da namorada do Gabriel?
― Não! Não fiquei com ciúmes… só achei estranho…
― O que ela iria querer comigo? Não tenho nem metade de pau que o Gabriel tem.
― Hahaha… e daí? Quem disse que isso é uma coisa ruim?
― Não, Lu… são coisas muito diferentes… uma coisa é uma buceta… outra coisa é um cú. Você tá falando isso porque seu buraquinho é minúsculo.
― Não fala assim! ― Eu disse ficando com vergonha.
― Desculpa. Mas, tipo… para as mulheres é diferente… quanto maior, melhor… mais estímulo para elas… isso acontece porque a xoxota delas foi feita pra isso, saca?
― Falou o cara que entende de buceta. ― Eu disse rindo.
― Ei! Eu tive uma fase difícil na minha vida! ― Ele respondeu rindo. ― Acha que foi fácil levar todos esses anos de amizade com o Igor sem saber dessas coisas?
― Hahaha…
― Como eu estava dizendo… mulheres preferem pintos maiores… aposto que se você fosse comer uma mulher, nem seria capaz de fazê-la gozar, com esse seu pintinho inofensivo.
― Eiii! Não quero ser exibido, mas já fiz uma mulher gozar. ― Eu disse rindo.
― Tá falando da prostituta que você comeu? Ela não conta. Como era o nome dela mesmo? Christine?
― Justine. Hahaha… e sim… eu fiz ela gozar.
― Ah, me poupe, Lucas…
― O que?
― O que o quê? Tá falando sério?
― Hã?
― Meu deus, criança inocente… quantos anos você tem mesmo?
― Doze.
― Foi uma pergunta retórica! Qualquer puta de quinta categoria sabe fingir um orgasmo.
― Ei! Ela não fingiu!
― ―
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― Tá bom…
― Eii! Ela não fingiu! Impossível!
― Sei…
― É sério! Eu acho que ela não fingiu!
― Claro que ela fingiu, Lucas! Pelo amor de deus! Quantas vezes por dia você acha que ela faz sexo? Acha que ela goza em todas? Se coloque no lugar dela! Você acha que conseguiria gozar dez vezes por dia, todos os dias?
― Tá… tudo bem… mas eu tenho quase certeza de que na minha vez ela gozou!
― Seu cú! Por que tem tanta certeza?
― Cara… foi muito real! Se você tivesse gozando do lado dela e eu tivesse que descobrir quem está mentindo, eu diria você!
― Aff… nada a ver, Lucas… você é muito inocente, isso sim… e só de pensar que ela deu pra uns quinze caras antes de dar pra você, me dá nojo… olha onde você já meteu seu pinto!
― Eu usei camisinha. Mas não quero mais falar sobre isso… tô começando a lembrar do meu pai, já…
― Desculpa…
― Sem problemas…
― Você chegou a ouvir dele? Depois de tudo?
― Não. E pretendo continuar assim.
― Sinto muito por isso…
― Vamos mudar de assunto, por favor.
― Tá… tudo bem… desculpa… mas, como eu estava dizendo… o que Juliana iria querer comigo sendo que ela já tem uns… sei lá quanto de pinto que Gabriel tem… uns dezoito centímetros de pica pra chupar quando quiser?
― Nossa… dezoito centímetros é muita coisa, Rafa. ― Eu disse fazendo mais ou menos esse tamanho com os dedos.
― Você daria pra um cara de dezoito centímetros? ― Ele me perguntou.
― Credo! ― Eu exclamei. ― Já tá ficando difícil com você beirando os treze.
― Ah, mas deve ser uma experiência legal…
― Ah, qual é! Você nem gosta de dar! ― Eu reclamei.
― É… mas fico me perguntando como deve ser…
― Dolorido. ― Respondi.
― Não necessariamente… se fizer direito… dizem que não…
― E onde é que você vai arrumar dezoito centímetros de pica pra mandar pra dentro do seu rabo? ― Perguntei brincando.
― Sei lá… mas tenho vontade… sabia? Também tenho vontade de comer uma menina, só pra ver como é… você e o Igor já sabem… também queria ter essa experiência…
Admito que fiquei um pouco enciumado. Eu não tinha uma buceta e muito menos dezoito centímetros de pau… fiquei preocupado de eu não ser o suficiente para saciar a necessidade sexual dele.
― Que foi?
― Nada. ― Balancei a cabeça negativamente.
― Ah… vai dizer que você não tem nenhum desejo diferente? ― Ele me perguntou.
E, pra falar a verdade, eu não tinha.
― Não sei… nunca pensei a respeito.
― Devia… porque, dependendo do que for, a gente podia ir atrás de fazer…
― Tá falando sério? ― Perguntei.
― Sim… você mesmo disse que tá ficando sem graça fazer amor comigo…
― ―
561
― Nunca disse isso, seu mentiroso! Só falei que eu tava cansado ontem… e não estava no clima… só isso… para de botar palavras na minha boca.
― Mas, se eu não botar palavras, vou botar o que?
Nos olhamos em silêncio. Revirei meus olhos, suspirei e disse:
― Você não vale nada…
― Eu sei… ― ele disse rindo.
Depois dessa nossa conversa, saímos da água e voltamos para nossa barraquinha. Era quase hora do almoço e era a hora em que o sol ficava mais quente. Não era muito recomendável ficarmos expostos gratuitamente ao sol desse jeito. Como diria o Rafa: Poderíamos virar camarões.
Saímos do mar e voltamos para nossa barraquinha. Lá, sequei meu cabelo e joguei uma toalha nos ombros. Me sentei em uma das cadeirinhas que tinha ali, ao lado do Rafa. Gabriel e Juliana chegaram minutos depois.
Seu Danilo e dona Olívia tinham pedido comida na barraquinha que estava nos servindo. Eles haviam pedido duas porções de camarões e duas porções de batatas fritas… era como se tivessem lido minha mente. Não demorou muito para a comida chegar.
O garçom botou na nossa frente tudo o que havíamos pedido e eu logo avistei aquela porção de coisinhas estranhas.
― Isso daqui que é o camarão? ― Eu perguntei para o Rafa enquanto pegava uma daquelas coisinhas empanadas.
― É sim… prova… ― ele disse pegando uma também.
Cheirei e tinha cheiro de peixe. Olhei para o Rafa e observei ele atirando o bichinho na boca. Fiz o mesmo.
Estranhei um pouquinho no começo, mas… era gostoso…
― Parece frango… ― eu disse. ― Mas com gosto de peixe…
Ele riu.
― Exatamente… ― ele disse pegando outro.
― É gostoso… ― eu disse pegando mais uns três de uma vez.
Mandei tudo pra dentro e disse:
― Meu deus… é muito bom!
Os pais dele também riram. Era muito bom! Fazer o quê!?
Enfim… terminamos de almoçar e ficamos mais um tempinho na praia. Hoje faríamos um passeio pela cidade a tarde. Por causa disso, resolvemos não prolongar muito nossa estadia ali… sem falar que o sol estava muito quente e tínhamos acabado de comer… voltar a nadar não era a melhor opção. Daí resolvemos voltar para o hotel… para tomarmos um banho e nos arrumarmos para o passeio.
Quando chegamos no hotel, mais especificamente na bifurcação que separava o caminho dos dois quartos, dona Olívia chamou o Rafa e disse que ele tinha que ir no seu quarto buscar algumas coisas que ele tinha esquecido lá, como o desodorante, a escova de cabelo e algumas outras coisas.
Rafa me chamou para ir junto, mas eu recusei por dois motivos: Primeiro que eu teria que ir lá no quarto dos seus pais, coisa que eu morria de vergonha de fazer; e segundo que eu poderia ir adiantando o banho… já que teríamos que dividir o banheiro entre nós três.
Daí eu voltei com o Gabriel para o quarto. Fomos conversando durante o caminho:
― E aí, Lu… tá gostando? ― Ele perguntou educadamente.
Eu ri.
― O que foi? ― Ele perguntou novamente.
― ―
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― É que todo mundo fica me perguntando isso… ― eu disse rindo. ― É claro que eu tô gostando! Tô gostando muito! Tô amando! Tô… meu deus! Tô demais!
Ele riu da minha resposta.
― Que bom…
― O que vamos fazer hoje? ― Perguntei.
― Bom… pelo que eu ouvi meu pai falando, vamos fazer um tour pela cidade… ele quer alugar um Doblô… sabe aquelas vãs de sete lugares?
― Aham…
― Pois é… daí poderemos passear pela cidade…
― Que legal! ― Eu disse empolgado.
― Sim…
― E você vai sair hoje à noite de novo? ― Perguntei com segundas intenções. Hoje eu meio que estava excitado e afim de fazer um bom sexo…
― Não sei… talvez…
― Pra onde vocês foram ontem? ― Perguntei.
― Ah… ontem a gente ficou só… LUCAS! CUIDADO!
― AAAAAA!
Não sei o que aconteceu, mas acabei tropeçando em alguma coisa e caindo no chão. Quando vi, estava me apoiando com as duas mãos no chão.
― Auuuu! ― Eu gritei de susto.
― Cuidado! Você tá bem? ― Ele perguntou se agachando ao meu lado.
― Ai… sim… sim… ― eu disse e comecei a rir do meu tombo.
Nossa… fiquei morrendo de vergonha… Gabriel devia estar pensando que eu era um completo desastrado.
― Machucou? ― Ele perguntou.
Olhei para meu pé e estava saindo um pouquinho de sangue por um pequeno corte na lateral.
― Foi um cortezinho de nada… ― eu disse.
― Vem cá… eu te ajudo… ― ele disse e me ajudou a ficar de pé. ― Tá de boa? ― Ele perguntou.
― Sim… ― eu respondi e botei meu pé no chão.
― NÃO! ― Ele gritou. ― Cuidado! Não bota sua ferida no chão! O chão tá sujo! Você vai acabar pegando uma infecção aí… vem cá… deixa que eu te carrego…
― Ah… eu não acho que isso é… ― mas ele não me deixou terminar de falar. Me pegou no colo como se eu fosse um bebê. ― …necessário.
― Relaxa… o chalé já é ali.
― Ah… tá bom…
Concordei contra minha vontade… ser carregado assim era meio constrangedor. Eu meio que era um menino de doze anos, mas… tudo bem… se ele insistia… o que eu podia fazer?
Ele foi me levando no colo até o chalé. Chegando lá, a porta estava fechada.
― E como é que você vai abrir a porta? ― Perguntei, uma vez que ele estava com as duas mãos ocupadas.
― Você vai abrir pra mim, ué…
Aff… era óbvio, Lucas, seu retardado! Eu não estava usando as duas mãos… só uma, para me apoiar no pescoço dele. Eu poderia abrir a porta tranquilamente. Fiquei até com vergonha de ter perguntado. Me fazia parecer tão burro e retardado.
Assim que eu abri a porta, nós dois entramos. Ao passar pela porta, ele disse:
― Cuidado com a cabeça.
― ―
563
Daí ele me levou até o banheiro e me colocou de pé lá.
― A partir de agora, você consegue ir sozinho? ― Ele perguntou.
Achei a pergunta dele um tanto quanto superprotetora. Eu nunca não tinha tido capacidade de ir sozinho… foi ele quem insistiu em me carregar no colo!
― Consigo sim, obrigado. ― Eu agradeci educadamente.
― Tá… lava esse pé aí, que a gente faz um curativo!
― Tá… obrigado, Gabriel… ― eu agradeci novamente.
Daí ele me botou no chão, saiu do banheiro e fechou a porta. Me olhei no espelho e pensei: “Que porra foi essa?”.
Eu estava me sentindo bem sujo. Meu cabelo tava meio duro por causa do sal da água, minha pele tava ressecada e meus olhos também doíam um pouco. Meu pé tava imundo por causa da areia e eu jurava que tinha areia na minha cueca. Isso estava me incomodando. Abaixei meu short e depois minha sunga. Realmente, tinha areia em todo lugar…
Quando fiquei completamente pelado, a porra da porta se abriu!
― Aaaaaaaaaaaaa! ― Gritei enquanto tentava, inutilmente, esconder meu pinto com as duas mãos.
― Aaaaaaaa! ― Gabriel gritou também. ― Desculpa! Desculpa! ― Ele se escondeu atrás da porta. ― Não sabia que você tava pelado! Toma! Te trouxe uma toalha! ― Ele disse e estendeu a mão com a toalha para mim.
Puta que pariu! Eu não sabia onde enfiar a cara. Eu estava morrendo de vergonha. Apanhei a toalha da mão dele e disse:
― O-Obrigado!
― Desculpa! ― Ele pediu novamente.
― Não foi nada! ― Eu disse timidamente.
Peguei a toalha, ele tirou a mão da porta e eu a fechei com tudo. Não pensei duas vezes antes de passar a tranca. Droga! Ele tinha visto meu pinto! Que vergonha, cara!
Enfim… com muita vergonha, fui tomar meu banhozinho na maior humildade do mundo. Me limpei, limpei meu machucado, tirei toda areia do corpo, lavei meu cabelo e fiquei cheirosinho. Desliguei o chuveiro, me enxuguei, e DROGA! Tinha esquecido de pegar minhas roupas! Só tinha minhas roupas sujas e molhadas aqui comigo. Aff… que constrangedor cara…
Amarrei a toalha na cintura, contei até dez e saí do banheiro. Rafa já tinha chegado e estava no quarto esperando para tomar banho.
― Oie! ― Ele disse.
― Oi… ― eu disse.
Gabriel também estava por ali, porém ele estava esperando na sala.
― Gabriel disse que você caiu. ― Rafa disse.
― Ah… foi sim…
― Machucou?
― Não… só fiz um cortezinho no pé… aqui. ― Eu disse levantando meu pé.
― Hum… não foi nada… se quiser, depois eu dou um beijinho pra sarar. ― Ele disse rindo.
― Vou querer sim… ― eu disse timidamente.
― Deve ter sido engraçado… ― ele disse rindo.
― Vai cagar! ― Eu o xinguei e ele continuou rindo.
― Enfim… vou lá tomar banho. ― Ele disse e entrou no banheiro.
Gabriel apareceu no quarto. Quando ele percebeu que eu estava de toalha enrolada na cintura, ele disse:
― Ah… foi mal… você ainda está…
― ―
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― É… ― eu disse sem graça. ― Vou trocar aqui rapidinho…
― Tá… vou deixar você aí… ― ele disse e voltou para a sala.
Vesti uma cueca e uma bermuda o mais rápido possível e em seguida vesti uma camiseta qualquer.
― PRONTO! ― Eu gritei.
Daí ele voltou a aparecer no quarto e disse:
― Foi mal, por mais cedo… eu não queria…
― Tudo bem… não tem problema não… não é como se fosse o fim do mundo…
― Sim… posso ver seu pé?
― Aham… acho que parou de sangrar, já… ― eu disse enquanto me sentava na cama.
Ele se sentou ao meu lado e me tocou. Eu olhei para ele.
― É… mas é bom a gente fazer um curativo… pra proteger, né?
Eu fiz que sim com a cabeça. Ele foi até sua mala, pegou um kit de primeiros socorros e voltou a se sentar na cama.
― Por que você carrega isso na mala? ― Perguntei.
― Hahaha… ― ele riu. ― Ter o Rafael como irmão te faz tomar algumas precauções…
― Ah… ― eu disse rindo.
― Deixa eu ver… ― ele disse pegando meu pé. ― Rafa sempre se machuca nas viagens… e quando eu digo sempre… é sempre… ele ainda vai se machucar, antes da gente voltar pra casa, você vai ver… pode apostar…
― Hahaha… ― eu ri.
Ele continuou fazendo o curativo.
― Como eu estava dizendo, àquela hora que você caiu, ontem eu fiquei só aqui no hotel com a Jú mesmo. A gente foi na sala de jogos… depois fomos na sala de cinema… só namoramos um pouco, sabe?
― Uhum… ― eu assenti.
― Pois é… prontinho! Terminei. Amanhã já deve estar bom… pra você nadar… ― ele disse.
Eu fiz que sim com a cabeça. Daí eu olhei para meu pé e disse:
― Obrigado, Gabriel.
― Não foi nada.
― Viu só!? Você já pode ser médico…
― Ah, é? Hahaha… se fosse fácil assim… ― ele disse olhando para o chão.
― Queria que meu médico fosse igual você… ― eu fiz um elogio rindo.
― Hum… e eu queria que meus pacientes fossem iguais a você! ― Ele retribuiu o elogio educadamente.
Daí eu sorri. Daí ele sorriu. Daí nós dois nos olhamos. Trocamos um olhar bem demorado e eu senti minhas bochechas ficarem vermelhas.